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Análise das operações Doppelgänger na Europa e EUA em 2024

Análise das operações Doppelgänger na Europa e EUA em 2024

Esta análise explora as operações Doppelgänger — uma campanha de desinformação russa — focando nas atividades de junho e julho de 2024 na Europa e nos EUA, especialmente em torno da eleição antecipada na França.

Operações de Informação Doppelgänger no Meio do Ano na Europa e nos EUA

Identificador: TRR240701
Publicado em 25 de julho de 2024 | Tempo de leitura: 54 min

Nos últimos meses, observadores e analistas de inteligência de ameaças testemunharam uma escalada dramática em campanhas sofisticadas de desinformação na Europa e nos Estados Unidos. Essas campanhas, classificadas como operações de informação Doppelgänger, utilizam técnicas de infraestrutura inéditas, cadeias de redirecionamento em múltiplas camadas e propagação em mídias sociais impulsionada por bots para manipular narrativas e influenciar a opinião pública. Neste artigo, mergulhamos nos detalhes técnicos por trás dessas operações, explorando tudo — desde observações de infraestrutura até amostras de código para análise. Seja você iniciante em cibersegurança ou pesquisador avançado, este guia trará insights valiosos sobre essas ameaças em evolução e mostrará como detectá-las, analisá-las e se defender contra elas.


Índice

  1. Introdução
  2. Compreendendo as Operações de Informação Doppelgänger
  3. Técnicas de Desinformação e a Cadeia de (Des)informação
  4. Observações de Infraestrutura
  5. Mídias Sociais e Redes de Bots
  6. Exemplos Reais e Estudos de Caso
  7. Medidas de Defesa e Melhores Práticas de Segurança
  8. Amostras de Código: Varredura e Análise de Infraestrutura Doppelgänger
  9. Conclusão
  10. Referências

Introdução

As campanhas modernas de desinformação evoluíram muito além de sites de notícias falsos ou posts enganosos em redes sociais. As operações ocorridas no meio do ano — conduzidas predominantemente por atores russos — exemplificam um modus operandi refinado apelidado de método de distribuição “Doppelgänger”. Essas operações foram amplamente monitoradas em relação a eventos políticos recentes, como a eleição geral antecipada da França em junho de 2024.

Neste post, dividimos:

  • Os componentes-chave das operações Doppelgänger
  • A cadeia de disseminação de informação
  • Como os ativos de infraestrutura são rotacionados e ofuscados
  • O uso de redes de bots para inflar artificialmente o engajamento
  • Detalhes técnicos para ajudar defensores a detectar e combater essas campanhas

Para organizações envolvidas em Inteligência de Ameaças Cibernéticas (CTI), ter um entendimento profundo desses mecanismos é fundamental para mitigar riscos e proteger processos democráticos contra manipulação.


Compreendendo as Operações de Informação Doppelgänger

Operações Doppelgänger referem-se a campanhas coordenadas de manipulação de informação que:

  • Impersonam sites de notícias confiáveis: conferindo legitimidade aparente ao conteúdo.
  • Exploram mídias sociais e plataformas digitais: usando bots automatizados, especialmente no X/Twitter, para disseminar conteúdo enganoso.
  • Aproveitam cadeias de redirecionamento: para ocultar a origem do conteúdo e dificultar sua detecção em tempo real.

O termo “Doppelgänger” é usado amplamente na pesquisa pública para descrever:

  • As personas falsas, bots e sites utilizados nessas operações.
  • A infraestrutura subjacente que sustenta essas campanhas.
  • As táticas que permitem ao conteúdo escapar de medidas de segurança tradicionais e alcançar o público-alvo.

O surgimento dessas campanhas, especialmente após eventos políticos inesperados, ressalta a urgência de os profissionais de cibersegurança inovarem e adaptarem seus métodos de análise.


Técnicas de Desinformação e a Cadeia de (Des)informação

No coração das operações Doppelgänger há uma cadeia de (des)informação meticulosamente elaborada, composta por várias camadas, que dificulta a identificação da fonte final do conteúdo.

Elementos-chave da Cadeia de (Des)informação

  1. Posts em Redes Sociais:

    • As campanhas normalmente começam nas plataformas sociais (por ex., X/Twitter), onde bots publicam links únicos.
    • As contas costumam se passar por influenciadores de criptomoedas ou Web3, apresentando métricas de alto engajamento aparentemente infladas.
  2. Redirecionadores de 1º Nível:

    • URLs que redirecionam imediatamente o usuário para a próxima camada.
    • Envolvem URLs curtas e aleatórias registradas em gTLDs recentes como .click, .top ou .shop.
  3. Redirecionadores de 2º Nível:

    • Após o primeiro clique, o usuário é encaminhado a outra página (redirecionador de 2º nível) que pode ofuscar ainda mais o destino final.
    • Essas páginas podem conter JavaScript adicional e conteúdo fictício para confundir tanto humanos quanto scanners automatizados.
  4. Destino Final:

    • A página final contém narrativas fabricadas ou mensagens manipuladas alinhadas aos interesses estatais russos.

Visualização da Cadeia de Informação

Post em Rede Social (X/Twitter)
       │
       ▼
Redirecionador de 1º Nível (URL aleatória)
       │      (HTML ofuscado, redirecionamento via Meta Tag)
       ▼
Redirecionador de 2º Nível (mais ofuscação)
       │
       ▼
Site de Conteúdo Final (Desinformação / Site de Notícias Impersonado)

Entender cada camada é essencial para caçadores de ameaças e analistas de CTI detectarem e neutralizarem essas campanhas de forma eficaz.


Observações de Infraestrutura

Uma das características definidoras das operações Doppelgänger é a rotatividade e ofuscação contínuas da infraestrutura que impulsiona a campanha. Os operadores mudam deliberadamente nomes de domínio, adotam padrões de URL aleatórios e utilizam domínios de baixo custo ou recém-registrados, tornando a mitigação uma tarefa desafiadora.

Redirecionadores de 1º Nível

Características:

  • Padrões de URL Dinâmicos:
    • http(s)://<5-6 caracteres aleatórios>.<domínio>/<6 caracteres aleatórios>
    • http(s)://<domínio curto>/<6 caracteres aleatórios>

  • Tendências de Registro:
    Domínios registrados com frequência em TLDs recentes como .click, .top ou .shop.

  • Detalhes de Servidor:
    Muitos desses domínios resolvem para IPs que executam:

    • OpenSSH na porta 22
    • OpenResty + PHP 7 nas portas 80 e 443
      Os servidores expõem certificados autoassinados e metadados padrão, contribuindo para uma “pegada” anárquica de infraestrutura.

Exemplo de HTML de um Redirecionador de 1º Nível:

<!DOCTYPE html>
<html>
  <head>
    <title>Citizenship Doesn't Matter If You Support Biden</title>
    <meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8">
    <meta name="twitter:card" content="summary_large_image">
    <meta property="og:title" content="Citizenship Doesn't Matter If You Support Biden"/>
    <meta property="og:description" content="Republicans are trying to rush a bill through Congress to allow only U.S. citizens to vote in presidential elections."/>
    <meta property="og:image" content="https://telegra.ph/file/d1629e477f84abbc37dbc.jpg">
    <meta http-equiv='refresh' content='0; url=hxxp://vickypitner[.]com/wash9261378'>
  </head>
  <body>
    <script type="text/javascript">
      var _0xc80e=["","split", ... ,91,"xAkdhqbIQ",45,7,10];
      document.body.style.color = "white";
    </script>
    <div>
      принц-регент – А кто занимается похоронами? Не вы? каганец натуралистичность предъявитель эталонирование ...
    </div>
  </body>
</html>

Redirecionadores de 2º Nível

Características:

  • HTML e Meta Tags Personalizados:
    Páginas que usam técnicas de redirecionamento semelhantes, agora via meta refresh HTTP ou JavaScript, conduzindo o tráfego ao destino final.

  • Táticas de Ofuscação:
    O conteúdo HTML contém texto e código supérfluos destinados a distrair ou confundir visualizadores casuais ou ferramentas de scraping automatizadas.

Exemplo de HTML de um Redirecionador de 2º Nível:

<html lang="en">
<head>
  <meta charset="UTF-8" />
  <meta http-equiv="X-UA-Compatible" content="IE=edge" />
  <meta name="robots" content="noindex, nofollow">
  <meta name="viewport" content="width=device-width, initial-scale=1.0" />
  <title>with their hippopotamus.</title>
  <!-- Conteúdo ofuscado adicional -->
</head>
<body>
  <div class="header">
    <h1>Cabeçalho do Site</h1>
    <a href="page2.html">Página 2</a>
  </div>
  <!-- Conteúdo truncado -->
</body>
</html>

De meados de maio a final de julho de 2024, pesquisadores identificaram milhares de URLs desse tipo, distribuídas em centenas de domínios, implantados sistematicamente para complicar a análise de tráfego malicioso e evadir a detecção.


Mídias Sociais e Redes de Bots

Plataformas de mídia social — especialmente X/Twitter — desempenham um papel fundamental na amplificação das operações Doppelgänger.

Características da Propagação em Redes Sociais

  1. Disseminação via Bots:

    • Mais de 800 contas suspeitas foram detectadas, todas publicando links para redirecionadores de 1º nível.
    • Os bots operam sob o disfarce de influenciadores populares em criptomoedas e Web3.
    • Os posts exibem números elevados de engajamento apesar de poucos seguidores, sugerindo inflação artificial.
  2. Variedade de Idiomas e Conteúdo Único:
    Os bots publicam em inglês, francês, alemão, polonês e ucraniano, ampliando o alcance internacional.

  3. Desvio e Campanhas Alternativas:
    Em um incidente notável, uma conta vinculada às operações Doppelgänger postou um videoclipe gerado por IA imitando a banda Little Big, satirizando as Olimpíadas de Paris e questionando a presença do público — mostrando como campanhas de desinformação podem mesclar sátira e operações de influência política.

Implicações para a Cibersegurança

  • Desafios de Detecção:
    Ferramentas tradicionais podem marcar posts uniformes como spam; contudo, a variação de idioma e conteúdo exige métodos de detecção mais sofisticados.

  • Aluguel ou Uso Duplo de Bots:
    A possibilidade de as operações Doppelgänger alugarem bots do Twitter de terceiros ou sobreporem-se a atividades cibercriminosas para golpes de criptomoedas dificulta atribuição e mitigação.

Para equipes de cibersegurança, compreender a interação entre essas redes de bots e a cadeia de desinformação é essencial. Caça de ameaças direcionada, análise de tráfego de rede e feeds de inteligência abrangentes são cruciais.


Exemplos Reais e Estudos de Caso

As operações Doppelgänger observadas neste período oferecem diversos insights acionáveis:

Estudo de Caso 1: Campanha da Eleição Antecipada Francesa

Contexto:
A eleição geral antecipada na França em junho de 2024 serviu de catalisador para campanhas Doppelgänger intensificadas. Narrativas específicas francesas foram propagadas, aproveitando links de notícias falsas locais.

Observações:

  • Bots publicando URLs com metadados em francês.
  • Variantes em espanhol e alemão, sugerindo estratégia europeia ampla.
  • Cadeia de redirecionamento consistente, passando rapidamente do 1º ao 2º nível antes de alcançar conteúdo direcionado ao sentimento político.

Análise:
A operação demonstrou uso adaptável de registro de domínios e encadeamento de redirecionamento, possibilitando rápida mudança de narrativas conforme eventos políticos.

Estudo de Caso 2: Uso Indevido de Conteúdo Gerado por IA

Contexto:
Durante monitoramento de rede, surgiu um vídeo gerado por IA parodiando as Olimpíadas de Paris. Embora humorístico, o conteúdo visava minar o entusiasmo popular por grandes eventos, avançando agendas políticas e sociais.

Observações:

  • Vídeo disseminado por contas influenciadoras aparentemente inofensivas.
  • Apesar do tom satírico, a mensagem subjacente era clara: desacreditar instituições públicas através do absurdo.

Análise:
Este caso sublinha a importância de combinar análise de conteúdo e comportamento. Embora o formato (videoclipe de paródia) possa escapar de sistemas de detecção textual, sua arquitetura de distribuição seguia o padrão Doppelgänger.


Medidas de Defesa e Melhores Práticas de Segurança

1. Integração de Inteligência de Ameaças

  • Múltiplas Fontes:
    Combine feeds públicos, inteligência proprietária e pesquisas acadêmicas para manter-se atualizado sobre operações Doppelgänger.
  • Alertas Automatizados:
    Use SIEMs configurados com padrões de ameaça (regras YARA, assinaturas Sigma) para sinalizar infraestruturas conhecidas.

2. Análise de Tráfego de Rede

  • Inspeção Profunda de Pacotes (DPI):
    Identifique irregularidades em cabeçalhos HTTP, uso incomum de meta tags e padrões rápidos de redirecionamento.
  • Monitoramento de Certificados SSL/TLS:
    Acompanhe certificados autoassinados com dados de emissor padrão, comuns em servidores Doppelgänger.

3. Segurança de Endpoint e Análise Comportamental

  • Integração EDR/EPP Avançada:
    Monitore processos aparentemente benignos vinculados a atividades de bots Doppelgänger.
  • Análise Orientada por IA:
    Plataformas modernas — como as da HarfangLab — correlacionam comportamentos incomuns a TTPs Doppelgänger.

4. Conscientização do Usuário e Vigilância em Mídias Sociais

  • Programas de Treinamento:
    Educação regular em cibersegurança ajuda usuários a reconhecer links suspeitos e conteúdo manipulado.
  • Cooperação com Plataformas:
    Colaboração com empresas de mídia social (Meta, Twitter) acelera remoções de contas envolvidas em desinformação.

Uma estratégia em camadas — inteligência de ameaças, análise de rede, proteção de endpoint e conscientização do usuário — fortalece a defesa contra operações de informação avançadas.


Amostras de Código: Varredura e Análise de Infraestrutura Doppelgänger

A seguir, exemplos práticos para ajudar analistas a varrer URLs relacionadas e analisar páginas de redirecionamento.

Exemplo de Varredura Bash/Curl

#!/bin/bash
# scan_redirects.sh
# Varre uma lista de URLs e extrai tags de meta refresh
# Uso: ./scan_redirects.sh urls.txt

if [ $# -ne 1 ]; then
  echo "Uso: $0 <arquivo_com_urls>"
  exit 1
fi

ARQ_URLS="$1"

if [ ! -f "$ARQ_URLS" ]; then
  echo "Arquivo $ARQ_URLS não encontrado."
  exit 1
fi

while IFS= read -r url; do
  echo "Varredura da URL: $url"
  # Busca o conteúdo da página e filtra meta refresh
  meta=$(curl -sL "$url" | grep -i "meta http-equiv='refresh'")
  
  if [ -z "$meta" ]; then
    echo "Nenhum meta refresh encontrado em $url"
  else
    echo "Meta refresh encontrado: $meta"
  fi
  echo "---------------------------------------"
done < "$ARQ_URLS"

Analisando a Saída com Python

#!/usr/bin/env python3
import re
import requests
from bs4 import BeautifulSoup

def fetch_html(url):
    try:
        resp = requests.get(url, timeout=10)
        resp.raise_for_status()
        return resp.text
    except Exception as e:
        print(f"Erro ao buscar {url}: {e}")
        return ""

def extract_redirect_url(html):
    soup = BeautifulSoup(html, 'html.parser')
    meta = soup.find('meta', attrs={'http-equiv': re.compile('refresh', re.I)})
    if meta:
        content = meta.get('content', '')
        match = re.search(r"url=(.*)", content, re.IGNORECASE)
        if match:
            return match.group(1).strip()
    return None

def main():
    urls = [
        "http://example-redirect1.com/xyz123",
        "http://example-redirect2.com/abc456"
    ]
    
    for url in urls:
        print(f"Buscando URL: {url}")
        html = fetch_html(url)
        if html:
            redirect = extract_redirect_url(html)
            if redirect:
                print(f"URL de redirecionamento: {redirect}")
            else:
                print("Nenhuma tag meta de redirecionamento encontrada.")
        print("-" * 50)

if __name__ == "__main__":
    main()

Conclusão

As operações de informação Doppelgänger de meio de ano evidenciam a natureza em evolução das campanhas de desinformação. Ao empregar cadeias de redirecionamento avançadas, redes de bots dinâmicas e infraestrutura rotativa, essas operações representam uma ameaça significativa aos processos políticos e à confiança pública. Compreender os detalhes técnicos — da web multilayer de redirecionamento ao uso de mídia gerada por IA — é essencial para uma mitigação eficaz.

Profissionais de cibersegurança devem manter vigilância constante e adotar uma abordagem holística que combine inteligência de ameaças, análise de rede, proteção robusta de endpoints e campanhas de conscientização pública. À medida que os métodos de desinformação evoluem, nossas defesas também precisam evoluir, garantindo a integridade da informação em uma sociedade digital segura.

Esperamos que este mergulho profundo tenha fornecido insights valiosos e orientações práticas para a defesa contra tais operações avançadas. Fique atento ao nosso blog para mais atualizações e estudos de caso sobre ameaças cibernéticas e estratégias de defesa.


Referências

  1. ANSSI – Agence nationale de la sécurité des systèmes d'information
  2. Site Oficial da HarfangLab
  3. MITRE ATT&CK Framework
  4. YARA – Yet Another Recursive Acronym
  5. Sigma – Formato Genérico de Assinaturas para Sistemas SIEM
  6. Documentação Oficial do OpenResty
  7. Documentação da Biblioteca Requests (Python)
  8. Documentação do BeautifulSoup

Mantendo-se informado e implementando mecanismos robustos de detecção, os profissionais de cibersegurança podem combater essas ameaças emergentes e ajudar a proteger a integridade dos ecossistemas de informação na Europa, nos EUA e além.

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